Farmacêutica alerta sobre os riscos do uso indiscriminado de medicamentos
A automedicação é uma prática comum entre os brasileiros, mas pode trazer riscos sérios à saúde.A automedicação é uma prática comum entre os brasileiros, mas pode trazer riscos sérios à saúde. Para entender melhor as consequências desse hábito, conversamos com a farmacêutica Ilara Ferreira Paz, que explicou os principais perigos da automedicação e deu orientações sobre o uso seguro de medicamentos.
Segundo Ilara, a automedicação é o ato de utilização de medicamentos por conta própria. Para ela, esta é uma prática comum e natural de um doente para alívio da dor ou desconforto, e acaba sendo favorecida pela disponibilidade de uma grande variedade de medicamentos isentos de prescrição médica, acesso restrito a atendimento de saúde, falta de informação e instrução da população. No entanto, a farmacêutica alerta que esta prática pode acarretar uso incorreto de medicamentos, que por sua vez, pode trazer riscos como reações alérgicas, falha terapêutica, uso abusivo e dependência de medicamentos além de outros.
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A profissional alerta que entre os perigos mais frequentes do uso indiscriminado de medicamentos estão:
- Ineficácia terapêutica, resultando em exacerbação ou prolongamento da doença.
- Intoxicação medicamentosa
- Resistência a medicamentos, especialmente a resistência a antimicrobianos e o aparecimento de microorganismos multiresistentes.
Perguntada sobre a existência de medicamentos que apresentem riscos maiores quando usados sem orientação, Ilara respondeu: "Na minha opinião a classe medicamentosa mais preocupante no contexto da prática da automedicação são os antimicrobianos. Os antimicrobianos é uma classe medicamentosa que interfere não só no indivíduo, mas também no meio em que ele está envolvido. Seu uso inadequado pode selecionar microorganismos resistentes, tornando difícil o tratamento de infecções. Portanto, para sucesso terapêutico é necessário orientação diagnóstica ( muitas vezes testes laboratoriais), escolha de um antimicrobiano adequado para a situação clínica, modo de uso e duração de tratamento", orientou ela.
Ilara enfatizou que as resistências antimicrobianas ocorrem naturalmente ao longo do tempo, mas o uso indevido e excessivo de antimicrobianos está acelerando esse processo. "A pandemia da Covid 19 é um grande exemplo disso. Ela pode ter potencializado a indução de resistência bacteriana, antecipando cenários que eram previstos para anos posteriores. Isso devido a falta de informação e a ausência de tratamento eficaz, aliado ao medo de contrair o vírus, provocaram um aumento do consumo de antibióticos, especialmente a azitromicina, muito utilizada em infecções bacterianas do trato respiratório. Assim a projeção futura, segundo a ONU é que a resistência antimicrobiana pode causar milhões de mortes até 2050", informou ela.
Como a população pode evitar os riscos da automedicação?
De acordo com a farmacêutica, a população pode esclarecer dúvidas e buscar informações seguras sobre os riscos, benefícios, modo de uso, armazenamento e descarte de medicamentos, com profissionais capacitados, sendo o farmacêutico um desses profissionais.
Sobre o papel do farmacêutico na orientação sobre o uso correto de medicamentos, Ilara recomenda que "para que um medicamento cumpra seu papel na terapêutica, não é suficiente que ele seja de qualidade e acessível, é importante que ele venha acompanhado de informação adequada. Isso interfere na utilização de medicamentos, minimizando riscos previsiveis, potencializando a eficácia medicamentosa. Os farmacêuticos são a categoria profissional com formação abrangente sobre os medicamentos, que vai desde a formulação, fabricação, comercialização e uso. Temos a responsabilidade de educar e orientar os usuários de como armazenar, a forma de utilização, os efeitos adversos e descarte correto dos medicamentos", pontuou.
O uso consciente de medicamentos é essencial para a prevenção de complicações e para a manutenção da qualidade de vida. Por isso, informe-se e evite a automedicação!